Conhecimento científico e pesquisa são peças centrais para preservar o ecossistema
O primeiro dia do Seminário Internacional Os Desafios da Ciência em Novo Pacto Global do Alimento, promovido pelo Instituto Fórum do Futuro, no âmbito do projeto Biomas Tropicais, se encerrou com uma discussão sobre o conhecimento científico aplicado à Amazônia, no painel “A Sistematização do Conhecimento Regional e Global – A Ciência Voltada Para o Desenvolvimento Sustentável”.
Desde o princípio, a realização de estudos básicos com prospecção de futuro é necessária para a Amazônia, explicou o Presidente do CNPq e coordenador Científico do Instituto Fórum do Futuro, Evaldo Vilela. Isso quer dizer que os fungos utilizados pela indústria farmacêutica ou de fertilizantes funcionam como base de conhecimento para a comunidade, por exemplo. “Temos a geração de conhecimentos a partir dos fungos, seguida da geração de tecnologias para, então, levar o resultado final ao mercado”, detalhou.
O biólogo e pesquisador, Adalberto Val, explica que a floresta é um “Eldorado” de diversidades e os fungos são apenas uma parcela da vida encontrada na Amazônia.. “A Amazônia possui uma identidade regional que a destaca como uma floresta repleta de diversidade ambiental, biológica e cultural. Esta última é imprescindível para retratar o sistema econômico da região”.
O biólogo define a Amazônia, que ocupa 60% do território brasileiro, como uma história de movimentos tectônicos e de mudanças climáticas. Para Val, a floresta necessita passar por um processo de “Rematamento”, já que, segundo ele, não é possível reparar todo o dano sofrido pelo ecossistema. “Ao restaurar paisagens degradadas, existem novas oportunidades que podem ser exploradas em vários aspectos. Recomposição de serviços ambientais, diminuição do fogo, sustentabilidade e produtividade, segurança alimentar e inclusão social são algumas das ações possíveis nesse processo”.
E as abelhas?
As abelhas são agentes que promovem a oportunidade de se aumentar a produtividade local, de acordo com a bióloga Vera Lucia Imperatriz Fonseca. A partir de estudos realizados na região amazônica, a bióloga concluiu que existe um valor econômico agregado à polinização agrícola. “O valor global da polinização varia entre US$235 bilhões e US$575 bilhões ao ano. Em 2015, a polinização valia US$12 bilhões ao ano no Brasil”.
O desenvolvimento sustentável proveniente das abelhas, na forma de polinização, ajuda no crescimento econômico de forma geral, contribui, de maneira mais específica, para os setores de biocombustível, nutrição e medicamentos, e influencia a conservação da floresta e a qualidade e a quantidade de alimentos disponíveis em uma determinada região, segundo Vera Lucia.
Ciência preservando os benefícios das abelhas
Como as demais espécies, as abelhas também sofrem impacto das mudanças climáticas. Para a bióloga, é fundamental que os estudos continuem para limitar o efeito do fator climático sobre o desenvolvimento local proporcionado pela polinização. Hoje, são utilizadas soluções como criação de rainhas in vitro e manejo de abelhas sem ferrão para dar continuidade à oportunidade econômica gerada pelos insetos. “As abelhas sem ferrão representam uma grande esperança para o país em relação à continuidade do processo de polinização agrícola”, finaliza Vera Lucia.
Os palestrantes relataram, com exemplos distintos, a importância de se desenvolver novos conhecimentos para o avanço sustentável da região amazônica. Para eles, a pesquisa e a ciência são necessárias para que o país colha os resultados desse investimento e possa prosperar na produtividade e na qualidade dos alimentos.
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