Discussão abordou a degradação e apontou alternativas para diminuir o acúmulo de carbono
A degradação dos solos, que impacta a qualidade final dos alimentos e favorece a emissão de gases de efeito estufa, e estratégias para redução do sequestro de carbono foram os temas desenvolvidos no painel “Solos e Descarbonização”, que marcou o encerramento do “Seminário Internacional Os Desafios da Ciência em Novo Pacto Global do Alimento”, no âmbito do projeto Biomas Tropicais, promovido pelo Instituto Fórum do Futuro.
Solo é o resultado da ação da natureza, na forma de chuva, vento, calor e frio, sobre as rochas no relevo da Terra. Segundo a engenheira agrônoma, Fátima Moreira, a vida presente nos solos é fundamental para a sustentabilidade. “O solo está diretamente relacionado a, pelo menos, oito objetivos de desenvolvimento sustentável. A atividade da biodiversidade existente nos solos já é e pode ser ainda mais utilizada em manejos sustentáveis dos sistemas agrícolas”.
Como reduzir a emissão de gases?
Um dos desafios para que isso aconteça, porém, são as emissões de gases, que interferem diretamente na composição dos solos, prejudicando a sua qualidade. O professor e pesquisador, Pedro Sanchez, aposta em estratégias aplicadas ao próprio solo e aos insumos para promover uma redução da concentração de carbono nos solos. “Assim como se fala da necessidade dos automóveis serem movidos à energia elétrica, o maquinário agrícola precisa seguir o mesmo caminho”, exemplificou o professor.
Diminuir a concentração de carbono no ar, seja ele proveniente da queima de combustíveis fósseis ou da fabricação e aplicação de fertilizantes, é a tarefa da ciência. Sanchez acredita que um manejo correto do solo, aliado à agricultura de precisão e de conservação, contribui para o consequente desenvolvimento sustentável promovido por esse processo. “Uma das estratégias é manter uma cobertura vegetativa sobre o solo durante o ano todo, considerando que o manejo do solo deve ser baseado nas três dimensões que ele possui”.
Participação das pastagens
As pastagens usadas pela pecuária também são importantes nessa discussão de acúmulo de carbono, de acordo com o pesquisador Miguel Ayarza. “O uso das pastagens passa por grande expansão na América Latina e no Brasil. Isso gera uma preocupação, devido à emissão de gases de efeito estufa”, afirmou o pesquisador.
Ayarza explicou que há trabalhos focados no desenvolvimento de gramíneas forrageiras com maior produtividade, que são adequadas às questões ambientais e ao desenvolvimento sustentável, citando a importância de se manejar o acúmulo de carbono. “As pastagens, juntamente com a textura e a mineralogia do solo, têm muita influência nas taxas de acúmulo de carbono. O conteúdo da argila dos solos é fundamental para que o carbono seja estabilizado”.
O pesquisador da Embrapa, Alexandre Uhlmann, reforçou essa importância ao falar sobre como os solos afetam as escolhas para restauração de uma cobertura vegetal. “Quando falamos em restauração, também falamos sobre a manutenção de determinados serviços ecossistêmicos provenientes dos solos”.
É consenso entre os painelistas que o uso sustentável do solo é fundamental para um futuro sustentável no Brasil e em todo o mundo. Todas as estratégias abordadas têm como objetivo reduzir o efeito da emissão de gases sobre a composição dos solos, de forma que eles sejam ambientes estáveis para continuar abrigando a biodiversidade neles existente.
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