Evando Neiva*
1. Fundamentação científica
“A Terra é um organismo interconectado e pode ser catastroficamente danificado por nossas próprias ações.”
Alexander Von Humboldt – 1o cientista da natureza
“A fragmentação leva a confusão e conflitos intermináveis.”
David Bohm – físico quântico
2. A Educação como âncora
Ter a Educação como âncora do Projeto Plantio de Árvores é indispensável para uma conscientização ampla e duradoura que assegure a realização de um “voo de águia”.
A Educação como fundamento vai assegurar a compreensão da interconectividade da Terra e das consequências “catastróficas” das nossas ações. Sem esse fundamento continuaremos com “confusão e conflitos intermináveis”.
A Educação vai assegurar a compreensão de que o ser humano não pode se considerar apartado da natureza. A sustentabilidade ambiental contempla necessariamente a inclusão do ser humano.
3. Ações entrelaçadas
Nas escolas e nas propriedades rurais estão as pessoas indispensáveis para desencadear o Projeto. Na cidade e no campo estão os espaços destinados à revegetação.
O plantio de árvores nos espaços urbanos vai propiciar a existência de bosques públicos que amenizam e humanizam a vida.
Nas áreas rurais, além desses mesmos efeitos urbanos, torna-se indispensável levar em conta a geração de renda.
Nos dois espaços será claramente percebida a evidência que “a árvore em pé é muito mais valiosa do que derrubada”.
4. Aliança Intersetorial – forças institucionais entrelaçadas
Para a viabilidade e a perpetuidade do Projeto devemos contar com a sinergia dos três setores: 1) Poder Público; 2) Empresas; 3) Fundações.
Cada setor com sua agenda, sua singularidade e sua prioridade e buscando um núcleo comum de sinergia das ações.
O Plantio de Árvores propicia a integração dos três setores, com interesses convergentes, fundamentando a Aliança Intersetorial. Catástrofes ambientais impactam indistintamente a tríade.
Eis o pretexto para a criação da Aliança Intersetorial como organização em que se assenta as ações articuladas do Projeto.
As escolas e as propriedades rurais ficam contempladas/representadas pelos setores da Aliança.
5. Internacionalização
Além dos fundamentos científicos que se aplicam universalmente, as zonas tropicais têm especificidades que as tornam semelhantes. Assim, a inclusão de órgãos e fundos internacionais é força propulsora do Projeto. É evidente que as novas tecnologias e as redes sociais vão favorecer significativamente a evolução das ações.
O compartilhamento de práticas de geração de renda terá impacto na mitigação das migrações forçadas. Trata-se de uma questão que evidencia a interconectividade da Terra. A solidariedade planetária torna-se indispensável.
6. Nexo Árvores e Águas
O cuidado com as Águas está umbilicalmente ligado à preservação da vida. Por isso mesmo, as ações de proteção, preservação e recuperação de nascentes devem ser aprendidas e compartilhadas.
O Plantio de Árvores está alinhado com ações voltadas para o cuidado com as águas. Alternativamente, o desmatamento afeta negativamente o cuidado com as águas tendo como consequência “confusão e conflitos intermináveis”.
O plantio de árvores na cabeceira das nascentes deve ser feito seguindo recomendações científicas dos órgãos de pesquisas das universidades agrárias.
O mesmo cuidado se aplica na preservação e recuperação das matas ciliares ao longo dos cursos d’água.
É claro que a Educação vai dar o rumo adequado para essas ações. Árvores e Águas são articuladas na origem.
7. Poluição e Resíduo Zero
A contaminação das águas, em fluxo e no lenço freático, é questão ambiental da maior gravidade e complexidade. A educação ambiental fornece elementos – ações articuladas – para evitar a contaminação praticando atingir o Resíduo Zero, tanto nas áreas urbanas quanto nas rurais. Mais uma vez, fica evidente a importância da articulação escola-campo.
A escola passa a ser o local em que se inicia e aprofunda a consciência e a ação voltadas para controlar a poluição.
8. Biomas e espécies nativas
Os Biomas refletem a diversidade e a unidade da vida no planeta. No Brasil temos 6 Biomas: 1) Amazônia; 2) Caatinga; 3) Mata Atlântica; 4) Pantanal; 5) Cerrado; 6) Pampas.
As espécies nativas nessas 6 regiões guardam uma singularidade que deve ser reconhecida e levada em conta no Projeto do Plantio de Árvores. Aqui, também, a orientação científica para o plantio é indispensável.
Dessa forma, as escolas poderão ser uma das forças para a coleta de sementes e a produção de mudas de espécies nativas. Aí se dá a articulação com órgãos públicos – a parte visível da Aliança Intersetorial.
9. Plantio de Árvores e Carbono Zero
Plantar Árvores é uma ação entrelaçada com o controle da emissão de carbono. Trata-se de ação global de tal relevância que justifica a existência de fundos internacionais que financiam projetos de plantio.
A escola pode ser a instituição líder para a compreensão e a aplicação desses conceitos nas áreas urbana e rural.
O nexo escola-campo cada vez mais evidente.
10. Água/ Solo fértil / Sol
A produção de alimento está diretamente dependente dessa tríade. Qualquer escassez de um desses três elementos compromete drasticamente a produção de alimento.
O Plantio de Árvores é uma ação que favorece diretamente os dois primeiros elementos: água e solo fértil.
O caráter internacional dessa tríade justifica a prática de ações integradas.
11. Conclusão: tudo isso é uma grande utopia
Essa conclusão traz em si uma ambiguidade.
Uma possível leitura pode levar à inação. É tão complexo que não vale a pena nem tentar. A outra face da moeda, permite uma outra leitura dessa conclusão.
Encerramos com um pensamento do escritor uruguaio Eduardo Galeano, incluído no livro “Utopia para Realistas”, de autoria do historiador holandês Rutger Bregman.
“A utopia está no horizonte. Eu me movo dois passos em sua direção, ela se move dois passos para mais longe. Eu ando 10 passos e o horizonte corre 10 passos para mais longe. Por mais que eu ande, nunca a alcançarei. Então qual o propósito da utopia? O propósito é este: continuar caminhando.”
* Educador, proprietário da Fazenda Alegria e fundador da Plantaforma do Campo.
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