Planejamento e inovações são importantes ferramentas para esse processo, segundo os palestrantes
O painel “Preservação da Floresta e Redução da Desigualdade Social” deu seguimento às discussões sobre a Amazônia no “Seminário Internacional Os Desafios da Ciência em Novo Pacto Global do Alimento”, promovido pelo Instituto Fórum do Futuro. O Brasil possui 493,5 milhões de hectares de cobertura florestal, o que representa metade da área ocupada por florestas em toda a América Latina. O dilema abordado pelos palestrantes foi: como preservar essa extensão florestal e, consequentemente, melhorar a situação da desigualdade social?
O ex-ministro da Fazenda e membro do Fórum do Futuro, Paulo Haddad, foi o moderador do painel e reforçou que a tecnologia é uma das armas para enfrentar esse problema. Nesse sentido, o aumento da produtividade sem expandir a área cultivada é um fator para melhor distribuição de renda. “Uma revolução tecnológica é capaz de transformar uma região em um grande potencial econômico. Dessa forma, quanto maior a produtividade, melhor é distribuída a renda e maior é o mercado regional”, destacou.
Haddad defende ainda um desenvolvimento endógeno, em que há mobilização interna para que as áreas ameaçadas sejam restauradas e preservadas. “Na Amazônia, temos conhecimento dos problemas, temos informações sobre os potenciais, mas falta endogenia, falta capacidade de mobilização dos setores da sociedade para implementar mudanças e soluções”.
Visão da FAO
A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), parceira do Seminário, também esteve presente no painel. O representante adjunto da organização, Gustavo Chianca, apresentou um dado alarmante: a perda de cobertura florestal no Brasil é estimada em 420 milhões de hectares desde 1990.
Considerando essa estatística, Chianca destacou uma ação da ONU para o período de 2021 a 2030, a “Década de Restauração de Ecossistemas”, da qual o Brasil é um signatário. “A ideia da Década de Restauração é fortalecer os compromissos globais, regionais, nacionais e locais e busca prevenir e reverter a degradação dos ecossistemas, promovendo restauração”, explicou.
O Brasil possui o potencial e os recursos necessários para reverter a degradação, de acordo com o representante da FAO, tanto em ecossistemas marinhos quanto em terrestres. Além da tecnologia, Chianca aponta que o conhecimento dos povos indígenas amazônicos é um importante aliado para a preservação da Amazônia. “A FAO produziu um relatório sobre as comunidades indígenas tradicionais e coloca que elas são fundamentais para a manutenção da floresta e para o desenvolvimento da região”.
Um dos pontos reforçados pelos palestrantes é de que a tecnologia exerce um papel fundamental na questão de preservação florestal e da desigualdade social. É importante, segundo Haddad e Chianca, que sejam desenvolvidos projetos que alcancem maior produtividade sem aumento da área utilizada e promovam desenvolvimento local.
Consequentemente, a distribuição de renda seria menos desigual e a fome, problema crescente nos últimos anos e agravado pela pandemia do novo coronavírus, de acordo com o representante da FAO, poderia ser reduzida.
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