Regenera Cerrado avança para nova fase como referência na pesquisa em agricultura regenerativa no país
- Marianna Ribeiro Oliveira
- 10 de out.
- 3 min de leitura
Com ações voltadas à sustentabilidade, o projeto amplia o alcance no Cerrado e fortalece o protagonismo do Brasil na agricultura sustentável

Foto: Adriano Cruvinel/Fazenda Bom Jardim Lagoano
O Regenera Cerrado, iniciativa do Instituto Fórum do Futuro, é o resultado da união de esforços entre produtores e pesquisadores para fomentar práticas de agricultura regenerativa na região sudoeste de Goiás. Em três anos de atuação em 12 fazendas, o projeto iniciou em setembro sua segunda fase, consolidando-se como uma das principais referências nacionais em pesquisa aplicada e difusão de práticas regenerativas nas culturas de soja e milho.
Implementado em 2022, o projeto reuniu uma rede de pesquisadores, bolsistas e produtores em um verdadeiro laboratório a céu aberto. Ao todo, foram monitorados 1.615 hectares, distribuídos em 12 fazendas-polo, onde práticas tradicionais e regenerativas foram comparadas e avaliadas sob rigorosos critérios técnicos.
Esse esforço resultou em dados inéditos sobre manejo sustentável no bioma Cerrado, avaliando a sustentabilidade ambiental e econômica das fazendas participantes — que já adotam técnicas de agricultura regenerativa — e ampliando o conhecimento técnico e científico sobre a importância dessas práticas nas culturas de soja e milho.
Os resultados dessa primeira fase foram divulgados durante o 3º Workshop Regenera Cerrado, realizado em 14 de agosto no município de Rio Verde (GO). Esses dados servirão de base para orientar os próximos passos da iniciativa, e assim, o compartilhamento de informações sobre agricultura regenerativa.
Novidades da segunda fase
Para a próxima etapa, o Regenera Cerrado terá como foco consolidar as práticas já validadas e expandir gradualmente sua atuação para outras regiões do bioma, além do sudoeste goiano, com a adesão de novos produtores e parceiros estratégicos. Também está em discussão a criação de uma plataforma digital exclusiva, que reunirá conteúdos técnicos, cursos e atualizações do projeto, ampliando o compartilhamento de informações e fortalecendo a difusão da agricultura regenerativa.
Segundo a pesquisadora Eliana Fontes, da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, que coordena as pesquisas do projeto, a segunda fase representa um momento importante para a agricultura da região Centro-Oeste.
“A escuta ativa dos produtores e o monitoramento das áreas foram fundamentais no início do projeto. Agora, com a mensuração dos dados, será possível avançar nos cinco pilares que estruturam o Regenera Cerrado nesta segunda etapa”, relata Eliana Fontes.
Ela explica que esses pilares abrangem desde a saúde do solo, essencial para a conservação e melhoria da qualidade da água, até a conservação da biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos, gerando informações sobre sequestro de carbono, supressão de pragas e doenças e resiliência a extremos climáticos. Também incluem a conservação da biodiversidade, a produção de alimentos seguros e sustentáveis e, por fim, a integração entre economia, mercado e comunicação, fundamentais para ampliar o alcance e a valorização da agricultura regenerativa.

Continuidade do Regenera Cerrado
Para Letícia Kawanami, diretora de Sustentabilidade da Cargill na América Latina, o projeto demonstra o engajamento crescente do setor produtivo. “Desde o início, observamos o interesse dos agricultores em participar dessa abordagem regenerativa. Por isso, mantemos o investimento no Regenera Cerrado, garantindo continuidade da pesquisa e fortalecendo a cadeia do agronegócio. O apoio de outras empresas também será essencial para expandir os benefícios dessa iniciativa”, afirma.
A segunda fase também atrai novos participantes. O produtor rural Charles Louis Peeters, proprietário de fazenda em Montividiu (GO), destaca a importância de integrar-se a um projeto com respaldo científico: “Vou começar a participar do Regenera Cerrado em setembro. A credibilidade das instituições de pesquisa envolvidas foi decisiva para minha adesão. Espero que os dados gerados nos tragam clareza sobre a rentabilidade das lavouras e a sustentabilidade dos sistemas de produção em médio e longo prazo”, argumenta.
Sobre o Projeto Regenera Cerrado
O Regenera Cerrado tem como objetivo disseminar técnicas de agricultura regenerativa, respaldadas cientificamente e que sirvam de exemplo escalável de produção de soja e milho para o Brasil e para o mundo. Idealizado no Instituto Fórum do Futuro, em 2022, para esta segunda fase, o projeto irá contar com o patrocínio da Cargill, execução operacional do Instituto BioSistêmico (IBS) e parceria de sete instituições nacionais, além de 10 fazendas da região do município de Rio Verde, no sudoeste de Goiás.
As instituições parceiras no projeto são: Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa); Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq); Grupo Associado de Agricultura Sustentável (GAAS); Grupo Associado de Pesquisa do Sudoeste Goiano (GAPES); Instituto Federal Goiano; Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e Universidade de Brasília (UnB).
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